Thursday 25 December 2008

I'm only sleeping

Abri a porta, sentei lá fora para ver o movimento da rua vazia. Atravessei aquela imagem e de repente me perdi. Era um enlaçado de pistas, gestos, cores, lugares. Não estava mais em parte alguma. Não completamente. Comecei a ver, no escuro, as marcas das minhas tentativas inquietas e falhas de visão e a única coisa que consegui de fato ver, foi uma passarela para a próxima ilha a visitar. Então saí do escuro e vi uma névoa meio inquieta, hora total, hora parcial. Procurei algumas cenas para assistir, mas, sem conseguir foco, mudei as cenas sem ao menos decorar os textos. Reconheci o meu sentimento crônico de vazio e embora tenha saído à procura de algo mais que o nada, me conformei em não ter encontrado. E fui dormir para permanecer acordada aqui e tudo o que muito era, pouco foi e não importa tanto assim, estou apenas dormindo...

Tuesday 16 December 2008

Human

Você acorda e não quer lembrar do que foi, ou o que vai ser. Só precisa ficar ali, com aquela roupa suja. Trapo humano. E as minhas intenções esfriaram, me decompus no tempo, na falta, no disfarce. A inconstância me provocou, me provocaram e agora a frieza tenta colar o meu espaço em branco destruído, quase irreconhecível.
Não vou ser tão ingênua para pensar que todos nós somos humanos, demasiado humanos, nós temos o amor, a nossa leveza insustentável. Você acredita no amor? Amor é a capacidade de atribuir sentido a tudo que, outrora, foi incompreendido. É cuidar de dois corações. É o melhor e o pior de nós. É permitir-se.
A minha cabeça gira loucamente a todo minuto procurando respostas pro que vejo e pro que não vejo. É estranho não pertencer a lugar algum, querer sumir e gritar até os pulmões explodirem. Mas veja só. O que seria mais inútil do que desperdiçar o tempo vivo esperando o tempo acabar? Um pouco mais de paciência...

Sunday 7 December 2008

Tapes

I am someone easy to leave, even easier to forget, a voice, if inaccurate again: I'm the one they all run from. Diatribes of clouded sun, help me find the pause button. All these tapes in my head swirl around, keeping my vibe down, all these thoughts in my head aren't my own, wreaking havoc . I'm too exhausting to be loved, a volatile chemical, best to quarantine and cut off. All these tapes in my head swirl around, keeping my vibe down, all these thoughts in my head aren't my own reaking havoc. "I'm but thorn in your sweet side"; "You are better off without me"; "It'd be best to leave at once". All these tapes in my head swirl around keeping my vibe down, all these thoughts in my heard aren't my own wreaking havoc

Monday 1 December 2008

For reasons unknown

You've got me in your head and maybe it is the only save place to be. So I prefer to be there, where surely I'm ok. Somebody told me that never had me at all, only rests, pieces, but see: a piece its too much. I never gave it to anyone. Once I heard that love is beautiful, but not to be real. That's the only way that I found to be with you, so I will be there forever. You will see.
But for now, I'm leaving. And this time, you're right, I will wake up alone forever, being just with my selves. I chose to be the same, the blame was charged on me by you.
Before I go... I only left your way to be in it, yes, call me crazy, it's not news to me. Coward too. I'm making a fool of myself, and every one around. I gave you the chance to know, you were very close, but now, i'll follow your advice, your wish. Almost here, madness.

Sunday 23 November 2008

We might as well be strangers

I don't know your face no more, or feel your touch that I adore. I don't know your face no more, It's just a place I'm looking for. We might as well be strangers in another town, we might as well be living in a different world , we might as well... I don't know your thoughts these days, we're strangers in an empty space. I don't understand your heart, It's easier to be apart... For all I know of you now.

Tuesday 18 November 2008

The weight of my words


Comecei a usar a previsibilidade humana a meu favor. Não para domínio de mente, mas para anotar os seus passos e ditos, para pesar as minhas palavras ao seu redor. E tinha tanta coisa que queria dizer, mas perdi o jeito para dizê-las. Não posso mais fazer sentir por fora delas. Tem várias formas de quebrar o gelo que conheço, mas perdi o jeito, talvez até o interesse de aplicá-los. O peso das minhas palavras, não se pode mais sentir, por assim dizer, cruzando meios e trilhas. Experimentando-se cada sensação inebriante de ser, estar, parecer, ousar, um mínimo espasmo que possa haver. Um mínimo barulho de cílio fechando contra o meu braço, o pequeno jeito de ocupar o abismo, ou de não ocupá-lo. Ver as luzes da cidade através das notas de um piano, acreditar que, de olhos fechados, é possível enxergar o que se quer, embora absurdamente pareça vazio, frívolo. E tomar uma carona até a esquina por um sorriso... E porque não?

Thursday 6 November 2008

Disturbia

Valley:
19 anos, representa a candura e a delícia de ser o que é. Amada por todos e odiada por si mesma, Valley esconde através do sorriso a perda do caminho que ela própria escolheu.

Jack, I decided to stay with you, now you have to show me what my eyes can't see anymore. I have to listen when nobody's talking, to understand the meaning of the silence, to know how to cure a thing that it will always be open. I hurt myself today, just to see if I still fell. But pain it's not the only way to realize the reality around you. You need more than a broken heart to fell the crashing of the world. More than a pair of wrong shoes to know that your finger is hurt and all your body is being modified for that. Jack, protect me, my head is beating against the walls, but I can't see the turv things. Jackie, I'm trying to move to stay in the same place, wondering something far... Don't wake me, there is a lot of hope behind my eyes, i prefer to see behind them, i'm tired, understand... I just have to let it go.


Tuesday 4 November 2008

revés

Finalmente o revés humano me convenceu a desistir de sua fraqueza...
My head is giving me life or death? ...

Monday 3 November 2008

,

No oitavo dia, atirei fogo sobre os meus retalhos, rasguei o (quase) infindável desejo de ser, penetrei o agora escuro de meus passos, para seguir só, lá, si, dó...
E o que me resta é sair pelo outro caminho, sem atravessar aquela ponte que corro, já que no oitavo dia, ninguém mirou na minha mente, mas acertaram meu coração, mais de uma vez. E joguei a empatia, antes certa, para Jack carregar. Oh, Jack, I trust in you my desire, be my protection, only you can save me from what i want, only you can save me from what I am.

Sunday 2 November 2008

She has no time

Eu não tenho tempo. Não tenho tempo nem espaço. O tempo que estou procurando está por trás dos dias dormidos, dos sorrisos mal pagos, das batidas incontidas de ansiedade, do cheiro das ruas, dos dias, da pele... E digo que não o tenho, não agora. Possuí-lo implicaria levá-lo comigo, para a noite, quando fosse chorar sozinha na luz apagada, ou quando fosse ouvir o bater das pedras na água, naquele dia de vento frio lá longe na beira da praia, ou até quando fosse reclamar àquele santo que ninguém conhece que minha respiração está fraquinha por não ter porque(m) suspirar. Tempo, vou te encontrar na luz, no momento em que eu acordar, lá do outro lado, do lado oposto ao que pertenço agora, espera eu atravessar esta ponte trêmula de abismos e forças. Mas preciso de algo para começar, alguma partida, alguma estada, alguma certeza.

Tuesday 14 October 2008

.

Oh, my love i can`t let go
Something's wrong i can`t let go
Nature's cruel she laughs at me
Almost too much for my heart...
Oh, tears my soul apart...

Friday 10 October 2008

Half Jack

When I let him in I feel my stitches getting sicker, I try to wash him out but like she said: the blood is thicker. And when i'm brave enough and find a clever way to kick him out, and I'm so high not even you and all your love could bring me down... I'm halfway home now, half hoping for a showdown, cause i'm not big enough to house this crowd. It might destroy me but i'd sacrifice my body if it meant i'd get the Jack part OUT. See, Jack, run...

Sunday 5 October 2008

Every me

Meu coração é ácido e meu corpo é aluguel. Tem quem fique empenhado, machucado, irritado. Mas não há nada há fazer, isso é cada parte de mim. Cada parte de mim, são tantas... Não são tantas assim. Para se confundir em meus próprios desejos, a medida do possível é criada certas defesas de personalidade, que mudam de acordo com o pedaço que é corroído, que é comido vivo dentro de mim... Guardo cada parte em um lugar, em uma lembrança, e isso é imutável, não é um corte superficial que vai arder na água corrente, é uma ferida profunda que vai cicatrizar por não haver mais vida. Então diga. Diga como é ser só um, como é possuir uma mente mutante e não dar-se conta, pois é apenas é um consolo, vindo tarde demais. Algo não terminado, com alguma coisa vindo atrás, em cambalhotas imperceptíveis fisicamente, só para a caixa preta, que não é aluguel muito menos ácida, é um guia solitário no tempo e espaço, não é emprestado, talvez triste, mas isso é cada parte de mim. Tenho várias partes confusas e não terminadas, mas secretamente sei que cada parte irresoluta, acaba em uma mesma linha, em um mesmo eu, em um mesmo ácido. São apenas formas diferentes de espantar os fantasmas. Então grito: se alguém seria capaz de me fazer acreditar em algo, se seria capaz de enfrentar cada Eu, até sucumbir todos e fundir-se em mim...

Saturday 27 September 2008

Resposta ao tempo


Tenho dormido menos que a minha cota de 4 horas/dia. Fumado mais que 2 cigarros seguidos, sorrindo somente para espantar o choro, bebido para ter argumento, seguindo para não parar no tempo... E ele me perguntou em que lado eu estava, e não pude respondê-lo, minha garganta com nós, minha boca seca, meu olhar agora desfocado, não pude responder. Na verdade, nem eu mesma sei! Ora bolas de que lado... E como é que se sabe de uma coisa dessas. Zangou-se e me deixou, disse que ia ter os passos apressados e o atraso seria inexistente. Se ele soubesse o que eu faço para não perdê-lo. Pena que a minha visão passiva esteja tão em alta esses últimos dias vindos. Às vezes queria a madrugada mais longa, mais intensa e real. Mas nada mais do que eu espere, do que eu deseje, entrando na mesma rua, na esquina, com uma única saída, sem nenhuma luz. De que lado estou... Quais são os lados...
A segunda vez que vi Dulce Veiga, um tom lilás predominava, um cheiro doce me enchia, uma falsa imagem me cobria os olhos, enfeitiçava a minha turva visão. E mais uma vez ele me enganou. Não era o dia. Minha mente pertubada, o dia, a noite, as ruas, a pele, a incerteza. Aquele rosto não pode ser descrito, visto ser mera ilusão. Não era o dia para vê-lo, mas quando for, que não tenha disfarces entre a janela e o vidro. L'angolo, senza nomes, solo questo alba.

Sunday 21 September 2008

How to fight loneliness

How to fight loneliness: smile all the time. Shine your teeth til meaningless Sharpen them with lies And whatever's going down will follow you around. That's how you fight loneliness. You laugh at every joke, drag your blanket blindly, fill your heart with smoke and the first thing that you want, will be the last thing you ever need. That's how you fight it: just smile all the time. Just smile all the time;

Monday 15 September 2008

Blue monday

I said 'goodbye' to someone that i love.

Monday 8 September 2008

Poltrona verde


Dois brindes à Dulce Veiga e a sua falsa realidade, a nossa falsa realidade... No sétimo dia não me causaram nada, eu cometi suicídio, desta vez fiz questão de acabar de uma vez com a imagem de uma placa longe por entre as árvores, que me rouba a vista e me nutre o ego vazio. Os egos.

E não é a idéia de não ser mais que me fez brindar à Dulce. Foi uma noite passada, presente, escura, que me sentei na sua poltrona verde e nada mais fiz a não ser esperar a janela se iluminar com as cores do céu aberto, da sombra do disco voador indo embora, estando só de passagem por aqui, e nem esperam o chamado por eles, pedindo para ir junto até qualquer lugar fora do tempo, para fugir sem deixar as marcas no espaço, sem as pegadas aleatórias nessa areia fria. Continuo aqui sentada... entre o tudo e o nada.


Monday 1 September 2008

Mutante

As letras confundem-se com os verdadeiros sentidos das frases, e tem uma continua fragilidade entre o querer e o ser quebrado. O ser intacto, possuído, possesso. Possuir... Será que, de fato, possuímos algo? Alguém... Tem quem diga que algo que volta quando você o deixa ir, é porque deveras o possui, mas que ironia, não? Se foi embora, como te pertence? Não seria porque as respostas certas estão ali, em você? Isso não é possuir, é vaidade, medo, consequentemente medo. Vaidade sim, por querer ter a certeza de quem não vai tão longe, ser seu pra sempre. “Pra sempre”.
Enquanto me confundo com os verdadeiros sentidos frasais, penso na condição mutante de ser. Do quão estranho é saber reconhecer o que acontece dentro de você, correndo pelas suas veias frágeis, caindo do seu peso humano e transformando-se em mais, em outro. Pensando estar rudemente afetado por toda aquela velha historia de dúvidas, caminhos, estados, dias, dores, tempo, como é difícil aceitar a condição humana, diga-se de passagem, desumana. Então, mutante. Sou mutante. Não é tão fácil assim.
As fragilidades, as correrias, os amores, os nós na garganta, as perguntas sem respostas, os sorrisos embaçados, os olhares penetrantes e a mente não... Não.
Por poder pensar em todos como tudo, e tudo como cada um pode parecer, para parecer. E se pelo menos eles pudessem ver, se ao menos eles tivessem ido lá, eles entenderiam como alguém escolhe esta condição, veriam passar o trem que peguei para estacionar aqui e eu nunca pensei que seria tão claro... A única diferença é o estado do ser. A calma e a capacidade de enxergar algo além do que a sua barreira permite que você veja. E é tão claro...
Às vezes penso que, se acordar, vou dormir por um longo dia, que pode nunca acabar.

Saturday 23 August 2008

Lost in town

Today I woke up with a big hangover, like most part of my Saturdays. But this time was different…or not. I tried to find what I was looking for, but it’s so hard when you have no idea of what it is. So I escaped one more time of being alive. It’s pretty scaring!
While I’m listening to some voices I wonder… all the things that I will lose, that won’t be here tomorrow. While I’m sleeping it disappear, to never come back. I’m lost in town…

As verdades que eu sabia mudaram de lugar e de direção. E mudei com elas, mas não sei para onde foram, logo, não sei onde estou também. Já tive a certeza de ter a certeza e hoje acordo ainda tonta, pedindo para os céus impossíveis que me dêem alguma forma de prisão, de como poderia desprender das dúvidas e cair na real, no mundo real. Mundo real? E como ir em frente se não é possível ver o fim? Ver ao menos o começo... Os rostos, os traços, as cores, os lados, os fios, a minha lupa... Distraem, confundem e sou completamente incapaz de não ter lapsos, de conseguir reconhecer tudo isso como real. Estou perdida na cidade, me aproximando de algum outro lugar banal, outro lugar que sei onde está, mas não me importa muito ser. E têm tantos rodeios, tantas tentativas frustradas de conseguir ir além da linha, conseguir chegar.
Tem um peso vivo dentro de mim, vida. E não consigo descobrir o que faz pesar, o que faz sangrar. Por que fazem sangrar... É tudo muito confuso quando você vê que só quem está confuso é você e na verdade, não é só você. Você não é único e não é igual a ninguém. Existem três tipos de pessoas. Os que vêem, os que enxergam e os que fingem enxergar. Só três? Mas tem tanta gente por aí... Tem tanta gente por aqui e tem horas que é impossível notá-las e horas que é tão óbvio percebê-las. O botão, o instinto, a curva, o lábio, a inércia, o estar, o ser, o não ser, a falta.
Vejo uma luz no meio dos arranha-céus, uma luz sem cor, sem pudor e sem esperança. A minha tontura ainda não passou, e essas cores só vieram para me entorpecer, para me fazer ver o irreal, para tocar o inefável... debaixo desse céu.

Sunday 10 August 2008

Don't panic

Quando você acorda vivo e ao passar do dia acontece a morte, você pode ter duas visões de mundo: a passiva e a ativa. Quando se tem a primeira visão, é possível observar as pequenas coisas nas grandes coisas e as grandes coisas nas pequenas coisas. Torna-se mais fácil, até de absorvê-las e diferenciá-las. A visão passiva é indiferente e inerte perante as ações mal pensadas ou calculadas, sádicas ou altruístas dos humanos. Dos humanos, demasiado humanos. A segunda, ativa, contínua, pode ver tudo ao seu modo, e tentar fazer com que as linhas tortas sejam apagadas e fiquem na mesma margem corrente. Ao menos que o ser ativo não seja suficientemente diligente e torne-se passivo, como a maioria violenta é.
No quinto dia houve uma mudança. Ou melhor: duas mudanças. Uma delas, a primeira, é que finalmente posso ouvir. Tem um barulho na minha cabeça, uma música, uma música triste, despótica. Eu sabia que era triste porque podia sentir os poros abertos e feridos do meu coração quando essa música tocou.
A segunda mudança... Existem três visões. Três visões de mundo. As duas primeiras são incompletas, e uma não pode estar perto da outra. Mas na terceira, elas transformam-se em uma só. A visão oblíqua, formada uma pela outra. Uma linha fácil de raciocínio é formada na mente oblíqua, é possível ponderar a situação real, transformando-a de fato em algo verdadeiro, porém simples, não inerte, sem um pingo de tolerância ou empatia. Existem mentes com visões obliquas demais, que apesar de conseguir enxergar o real, preferem manterem-se vivos, na fantasia, no devaneio sem lapsos e sem espaço fixo. Então as expressões são agora vividas oblíquas e recusas, e não há nenhuma idéia que seja ativa o suficiente para determinar alguma ação real e exata, ou pelo menos para agir...

Thursday 24 July 2008

The last time

To my Lady

Tanto. Tanto, que às vezes rasga o meu entendimento, faz-se a insensatez dentro de mim, fere a minha razão e tem essa precisão integral de você, só você.
Tanto, que fica inconfundível de ver nos meus olhos, a marca que a tua ausência e presença causam, jorrando esses litros de instabilidade diante de todo o meu equilíbrio. Tanto, aliás, tão intenso, que parece ser finito, dando trégua assim ao pedaço de pra sempre que penetrou na minha indiferença, para depois dar lugar ao infinito de nossas vidas. Tanto, tanto que de um par de olhares fez-se um. Adentrando o par único e atônito às cores cristal que ousam transpor na sintonia, que faz emudecer.
De tal maneira é este amor que impele a nominação a ser insuficiente e inepta a explanar todo o afeto, todo o grau da febre que toma conta da sordidez da pele, que suplica por um momento de sobriedade emocional, capaz de tirar do sério o que, uma vez, foi tão apático. Como, se de tanto em tanto, essa extensão de anseios escapa por entre os dedos e explode em total harmonia com o desequilíbrio residente nas duas almas... Formando assim uma só aspiração veemente. Sim, tanto não suficiente para viver. Essa capacidade de ver tudo a partir de um mesmo ponto, ou que leve a um mesmo fim. E que irá padecer ao arrastar-se do tempo, de repente, com a marca indelével de um amor que não pertence a esse espaço, que é um por ser dois e é dois por ser um.

Monday 21 July 2008

Don't go*

Insônia vermelha. Mais uma vez. Como se não bastassem lágrimas e sorrisos vermelhos, tenho insônia da mesma cor. A cor vermelha é corrosiva. Ela percorre o seu corpo, suas fiações internas, uma por uma, passando lentamente em questão de segundos até chegar na sua mente e parar a sua respiração, seus batimentos, suas armaduras. Te paraliza por completo, te desarma, e o que mais eu poderia fazer? ...
É tarde, mais ou menos metade do caminho percorrido. Tempo eu tenho, só o procuro para não perdê-lo. Mas a perca é tão subjetiva e fútil. Será? A maior parte das pessoas sofrem de perda, perda de alguma coisa, alguém, algum pedaço, algum momento... Imagino se não pudessem senti-la. Não, calma. Senti-la, mas positivamente. Seria muita petulância, certo? Certo. Essa petulância me faz respirar o ar de forma errada, me faz abraçar para ouvir o grito interno soterrado, gritar para silenciar e silenciar se fechar os olhos para respirar... Mas e a perda?
Perder... é deixar fugir. Deixar escorrer por entre os dedos o que não cabe no coração. Mas na natureza não existe a perda, existe a transformação. A mutação. Então perder é mudar. Transformar a perda em ganho? Isso não é uma afirmação, é outra pergunta para o vácuo. Outra petulância. Então, Natureza. Transforme a minha perda em árvore, e plante a fé que falta em mim. Mas dessa vez, prometo não deixá-la fugir. Estou fechando os olhos...


*I ain't never gonna let you go.

Thursday 10 July 2008

Learn to fly

Para Rubens

Hoje estava em nosso ponto de encontro diário, onde sentava no banco e esperava você cantar. E percebi que vou sentir sua falta, do seu ninho lá no alto quase despencando da árvore, de conseguir entender (calado) o meu desespero e (também calado) conseguir me passar a calma necessária para seguir. Andei pensando muito esses dias sobre os caminhos. E não quis decidir qual seguir, seria muita audácia minha ter certeza de para onde vou, certo? Muita audácia.
Então resolvi escrever para você, querido. Resolvi falar só para você o que se passa. E sei que as meias palavras que lhe digo, vão ser suficientes para compreender o peso que agora sinto. Mal posso eu sentir o meu peso, mas por não conseguir sentir a leveza de tudo, sei que estou diferente. Dessa vez foram as minhas asas que quebraram, Rubens, e confesso não saber como consertá-las. Vou deixar estar...
Acho que estou precisando, de fato, de pilares para me segurarem, e para segurar os outros pilares ao meu redor, mas não os tenho, pudera eu, amigo. Queria um abraço seu, sentir o seu coração. Transpassar as nossas forças. Mas não, deixo estar... O que vejo de real me confunde e parece ultrapassar o entendimento e virar fantasia. E a fantasia segue real, surreal, irreal ? Ela só segue, me segue, ou eu que a sigo?
Rubens, hoje fiquei triste não só por saber que não nos encontraremos mais, mas também por descobrir que estou do outro lado, ou deveria estar. Sou eu, Rubens, a paciente... a interrompida. Eu não sei voar.

Thursday 3 July 2008

A whisper

A noite vira dia e eu ainda não tenho respostas. E é tão tarde ou tão cedo para ir. Está tudo errado ou talvez posso rever o certo e reinventá-lo. Vou seguindo o corredor escuro que me levará até o começo. O começo. E o céu, se fechar meus olhos, posso caminhar em outro caminho, em uma colina, algo como um lar, tão longe quanto o céu. Ou tão perto...
De tudo que conheço, não há nada de que fugir nem tão pouco aonde ficar. E o lar que criei está afundando com as pedras. Não há nada aqui, já acordei e não há nada aqui. No escuro fala-se baixinho, para o invisível não roubar suas palavras, mas está claro e continuo sussurrando. Sussurro o tique-taque do relógio, o bater das asas, o vento no vácuo, a porta fechada, a luz indo embora, feridas se abrindo, a terra tomando forma, e todos são sussurros mas parecem gritar no escuro. Parecem altos e urgentes, pode até ser que desapareçam no segundo seguinte mas são gritantes nesse segundo exato. Pare, não tente abrir os olhos, sinta o barulho contínuo do sussuro. Logo ele vai gritar para você enxergar as cores do escuro e você está tão longe para ver, tão perto para voltar, tão perdido para ficar... Tique-taque, tique-taque, tique-taque, tique.

Tuesday 1 July 2008

Protège moi

Então percebo: é madrugada, tenho mil planos para amanhã cedo, não durmo, provavelmente vou acordar tarde e não fazer nada do que planejo agora. Tenho que criar um plano B. Escuto ‘Protège moi’ incansavelmente, e estou me convencendo ainda mais, que preciso de algo/alguém para me proteger, de fato, de tudo. Mas não. Sempre fui acostumada a dar proteção, oferecer meus braços finos para serem molhados, meus olhos para vigiar, minha atenção para cuidar. Olá, alguém aí? Não.

Mas se tiver... Olha, tem muita coisa pra ser dita e muitas perguntas sem resposta. O que eu faço com todas elas? Normalmente as cuspo em algo escrito, exatamente o que estou fazendo agora, ou tento a velha técnica de abstração sempre válida, claro. Aí tenho a chance de cuspir tudo e percebo que realmente são muitas coisas para amanhã, coisas deveras inadiáveis. Então decido ir dormir. E as minhas dúvidas em avalanche vão seguindo, vou abstraindo sim, obrigada.

Somos os brinquedos do destino? Será que a festa acabou? Vou dormir e vão ter fantasmas emergindo em minha cama. Eles vão abrir o cadeado do portão, vão entrar pelo buraco. A epidemia está se estendendo, os pensamentos congelam minha razão, instinto, disposição. Minhas pálpebras estão se reduzindo, posso ver os rostos cinzentos agora e eles vão realmente emergir em minha cama. E sonho me perdendo no tempo, onde não há nada para ser feito então volto para a vida e estou só. Proteja-me do que desejo, proteja-me...

Thursday 26 June 2008

Bend and break

Se pelo menos eu não me machucar, te encontro do outro lado, na luz. E seria algo como um encontro marcado, embora nenhum de nós tivesse conhecimento de nada. Quando os humanos se encontram, costuma ser aquela troca de histórias sem fim, risos, cumprimentos. Existe toda uma representação cultural por trás dos encontros marcados. Algo programado há algum tempo, mesmo que esse tempo seja alguns segundos inconscientes. Aí você pode imaginar, enquanto estiver se dirigindo para o local, como agirá ao ver o seu rosto perdido, o seu encontro marcado. Esquecem, às vezes, do encontro de corações, de encostar os corações e sentir a dor e a paz dos dias passados, das noites viradas, dos lençóis molhados, dos sorrisos oferecidos e da calma do pôr-do-sol assistido. [...] E ah de você se for pego pelo acaso ou pelo atraso! Que grito alto que levará... que pose arrogante vai suportar. Sempre me atraso. É quase previsível, até. Mas dou minha palavra que não é com a intenção de roubar o tempo de ninguém. Só vejo o tempo como algo quebrado, que todos utilizamos para desperdiçar, perder e acabo me perdendo nele também.
Se pelo menos eu não sufocar, te encontro de manhã, quando você acordar. Você teria tempo? Um minuto? Um passado? Uma lua, um lugar... Teria olhos cortantes, frios como os metais, ou teria os olhos molhados? De tanto dormir, de tanto esperar pelo sol, olhos molhados de sono. Abra os olhos, olha ali na janela, escuta ali na janela... é um novo dia vindo, é um passarinho cantando pra você abrir os olhos e a alma. A gente pode se encontrar quando você acordar. E se a noite for amarga, e também te sufocar, procure-me de manhã, então você despertará.

Sunday 22 June 2008

Secret smile

Atravessei a rua, entrei no carro, olhos molhados, um par de escudos na ponta dos meus dedos. As esquinas escuras, como se a cidade estivesse fechada para dormir, ou descansar de alguma rotina barata e desinteressante. Aquele escuro, de alguma forma, remeteu-me um cheiro de tempos atrás, de quando duas almas se encontraram e pararam juntas, querendo fugir da realidade infame que rodeia e rodeia e rodeia tudo e todos. Que me rodeia, me sacode, me confunde, me distorce. Aí tinha um sorriso. Um sorriso-espelho, porque era para mim, era a imagem das minhas cores opacas adentrando um jardim de cores vivas. E tinha algo nesse sorriso que não me deixava ir embora, prendia meus medos, me fazia esperar. Como se ele falasse com a minha amargura e a atirasse ao mar. E tinham luzes, luzes para acender qualquer coisa apagada em mim.
Nesse dia chovia. Mas era uma chuva calma, sorrateira, que veio só para pregar uma peça ou pedir atenção. Era tarde, era quase cedo demais até. Mas parecia um espaço em linha reta, sem começo ou fim. Estava me equilibrando nessa linha reta, cada passo era uma nova pétala abrindo-se. Tinha uma névoa sobre meus olhos baixos que causaram tropeços, mas mantive a calma para continuar a reta, afinal tinha que chegar até um abrigo no meio do caminho. E procurei esse abrigo incessantemente, pois tinha frio demais para aquecer, tinha tristeza demais para sorrir.
O céu estava escuro, o asfalto molhado e a chuva suspensa. Segui em direção ao abrigo. Era um abrigo secreto, ninguém jamais teve acesso a ele, ninguém nunca chegou a conhecê-lo. E eu estava lá, diante do meu único lugar seguro, meu sossego. Entrei com calma, tentei não pisar na grama mal cuidada da varanda, tirei a poeira da janela de vidro, era uma janela bem grande. Tinha tanta água nas paredes, teto e chão... Foi preciso dedicação para consertar as goteiras e buracos do concreto, tapei os buracos com minhas próprias mãos, e depois de algum tempo pude tirá-las e a água secou. Nem me dei conta que as minhas mãos absorveram o molhado do abrigo. Era madrugada, finalmente. Mas eu sentia tanto frio... Veio uma brisa quente de repente e me pôs para dormir no seu calor. A brisa sorriu um sorriso desengonçado, com receios, meio pendendo para um lado, e com um brilho tremendo. Então também sorri. E não conseguia disfarçar a sensação de sossego, de paz. Ela sussurrou que tinha vários sorrisos, mas aquele desengonçado era o seu sorriso para mim, o seu sorriso secreto.
Deixei a janela de vidro entre aberta, era madrugada, tinha orvalho nas plantinhas, um ar úmido, a varanda encheu-se de pássaros pequenos, o cheiro de terra molhada, um balançar continuo e involuntário, que passava das árvores para a minha alma. A brisa cobriu-me o frio. Sorriu-me novamente. Estava em casa.

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